A dança política nos municípios: lulopetismo com sobrevida e bolsonarismo “apagado”?
PT e aliados devem conseguir hegemonia em Prefeituras e Câmaras
Salvo as exceções, que não são raras e acontecem aos montes nesse país continental, políticos ligados direta ou indiretamente ao presidente da República costumam alcançar êxito em eleições municipais. É o que parece se consolidar para o cenário deste 2024, quando elegeremos prefeitos e vereadores.
Na maior cidade do país, vemos o prefeito Ricardo Nunes (MDB) - que assumiu a cadeira após a morte de Bruno Covas, de quem era vice - não ser considerado favorito. Motivo: os rumos de São Paulo, ao que tudo indica, sugerem indicar para a vitória de um candidato apoiado pelo PT.
Guilherme Boulos, Lula e Marta Suplicy de mãos dadas, como nesta charge de Renato Aroeira, publicada originalmente no Brasil 247, resumem bem a dinâmica do país, para esse ano. Se vencer, com as bênçãos do padrinho político, o líder do MTST surfará na onda do lulopetismo, que sobrevive.
Boulos, que subiu no palanque do hoje (de novo) presidente, no “showmício” que antecedeu sua prisão, para apoia-lo, agora é o apoiado. Após tantas reviravoltas, vemos Marta, ex-petista, voltar ao PT e agora se associar ao psolista, como vice - numa certa saia justa, já que era secretária de Nunes.
Essas dinâmicas costumam se repetir, especialmente em cidades do interior. Lideranças locais tendem a apoiar o líder que tem maior apelo popular (um exemplo clássico foi a quantidade de prefeituras e Câmaras tomadas pelo extinto PSL, na época que Bolsonaro governava, após ser eleito pelo partido).
Por falar no líder populista e caricato, conclui-se que, finalmente, ele volta para o lugar da História do qual nunca deveria ter saído: o da irrelevância. Tirando as manchetes da imprensa que eventualmente o citam, sempre em associações diretas a atos antidemocráticos e escândalos, nada mais se vê.
Nas ruas, parece também diminuído o apego à liderança exótica, virulenta e agressiva, exercida pelo ex-capitão militar (e ex-deputado federal por sete mandatos). Porque, lembremos, com melhorias em indicadores sociais e econômicos (leia-se, com comida no prato), até a ideologia mais tosca se esvai.
Sobre Boulos e o PSOL, cabe lembrar que o partido, surgido a partir de dissidências no próprio PT, nunca deixou de ser um mero apêndice do Partido dos Trabalhadores - ou seja, um “puxadinho” com certa aparência de “tons mais escuros de esquerdismo”, mas que, em suma, é mais do mesmo.
Nesse cenário de apoio explícito ao líder no poder, no Palácio do Planalto, surgirão, naturalmente, bizarrices diversas: como bolsonaristas arrependidos, em solo municipal, que de uma hora para outra abandonarão as posições radicais, tornando-se defensores da democracia e das liberdades individuais.
O que se espera é que a sociedade tenha discernimento na hora do voto, e consiga separar o joio do trigo - de preferência ficando com o trigo, e não com o joio, como ocorrido na recente ascensão da extrema-direita ao poder, nesse país, de Norte a Sul, com os matizes diversas de partidos e ideologias.
Aguardemos o mês de outubro (e tudo que o antecede). Será emocionante, como sempre é.
COMENTÁRIOS