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Monte Mor,18/11/2024

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O padre, o crack, a polarização e os oportunistas, na maior cidade do país

Convocar Lancellotti para esclarecimentos em CPI das ONGs seria oportunismo político


O padre, o crack, a polarização e os oportunistas, na maior cidade do país Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Tornar o padre Júlio Lancellotti um dos principais alvos da CPI das ONGs (organizações não governamentais), que pode ser instalada na Câmara de São Paulo, parece hilário. Mas é mais do que isso: é oportunismo político, mesmo. Oportunismo embalado na polarização nossa de cada dia. 

De repente, no início de um ano eleitoral, um vereador da maior e mais desigual cidade do país, desconhecido da mídia - e apoiado por diversos pares que assinaram e, só agora, pedem para “retirar o apoio” - propõe a criação da tal CPI, para investigar as ONGs que atuam na Cracolândia.

Não há fato determinado explicitado no pedido de abertura da CPI, além do citado fornecimento de “medicamentos”, “utensílios para uso de substâncias ilícitas” e “tratamento para os dependentes químicos que frequentam o local”, maioria deles usuários de crack, essa droga mortal e avassaladora. 

Também não fica clara a relação do padre, famoso pelas ações em prol das pessoas em situação de rua, com tais ONGs. Fato é que, à CNN, o autor da CPI disse que Lancellotti seria “convocado”. Ou seja, para ajudar nessa nossa polarização, clama-se ao padre pop, fisgando um pouco da sua fama. 

Segundo o Estadão, o parlamentar autor do Requerimento de abertura da CPI, que foi cofundador do Movimento Brasil Livre e hoje é filiado ao União Brasil, acusa as ONGs de promoverem uma “máfia da miséria” na Cracolândia paulistana. Pouco se sabe o que o mesmo fez, até aqui, para combatê-la.

Em seu histórico no Legislativo, consta pedido de “providências com relação ao número de moradores de rua” na Vila Talarico. O texto ainda cita o “acúmulo de barracas, colchões e objetos pessoais”, assim como, pasmem, o “aumento do resto de alimentos, mau cheiro, [e a] poluição visual do local”.

A citada “poluição visual”, vinda da pobreza extrema, da desigualdade e da falta de oportunidades, é oriunda do descaso, especialmente do Poder Público. Preocupa-me, assim, a possibilidade de que, nesse cenário, o autor da polêmica seja alçado a herói nacional, chegando a cargos políticos maiores.  

Por e-mail e whatsapp, GALDINO.BLOG questionou ao vereador qual o fato determinado para se instalar a CPI, já que, conforme a lei, tais Comissões precisam de tal elemento, para sua abertura. Pedimos ainda a relação completa dos vereadores que apoiam a iniciativa. Não houve resposta.

Questionamos, também, se o padre Júlio seria de fato um dos alvos da Comissão Parlamentar de Inquérito, assim como o motivo de tal investigação contra o pároco. Perguntamos, ainda, as pretensões políticas e as aspirações do vereador, cujo nome parlamentar é Rubinho Nunes, para esse 2024.

O espaço permanece aberto às respostas que, se enviadas, serão publicadas em atualizações posteriores desse texto. Por ora, encerramos com a fala do padre pop, que disse à Folha: “O que a Câmara pode fazer é fiscalizar dinheiro público. Não existe CPI para fiscalizar a igreja”. É isso. 




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